Na metade do século 19 foi publicado o Manifesto Comunista de Marx e Engels que começava assim: “Um fantasma ronda a Europa – o fantasma do comunismo”. Hoje, passado mais de um século e meio, não se lê mais, nem se vê essa ameaça, em compensação há um fantasma silencioso, é o fantasma da depressão que impressiona a Organização Mundial de Saúde. O crescimento do número de depressivos já teria atingido a 350 milhões de pessoas no mundo. Há previsões de que até o ano de 2020 a depressão passe a ser a segunda maior causa de incapacidade no trabalho e perda de qualidade de vida. A depressão já é considerada não só uma patologia individual, mas também um sintoma social.
O que mudou na sociedade para gerar esse aumento substancial de depressivos? Sempre é difícil pensar uma doença subjetiva em termos sociais, mas também se sabe que novos tempos, com novos hábitos influenciam as patologias psíquicas e orgânicas. No caso das depressões, todos os indícios são que o impressionante aumento da velocidade criou uma defasagem entre os que se adaptam e os que sofrem mais nesses tempos acelerados. O tempo foi decisivo na história da guerra, do comércio, indústria, na informática e por isso se diz que tempo é dinheiro, mas porque a velocidade é poder. Os mais rápidos chegam antes em tudo; mas felizmente o tempo não é só dinheiro, porque ele é também memória, que é desejo e nada mais humano que o desejo, especialmente o desejo inconsciente.
As previsões são que no futuro tudo será cada vez mais fast – fast food, fast love, fast read –, o que deverá aumentar o número de depressivos, que não acompanham o ritmo alucinante em que se vive. Todos, em maior ou menor medida, já sentiram tristezas diante de diferentes perdas. Já nas patologias depressivas, de várias origens, os sintomas vão de leves a graves tais como: desânimo, dificuldade de concentração, uma baixa autoestima, desinteresse pela vida, sentimento de inutilidade, muita ansiedade, distúrbios do sono, além de somatizações que são equivalentes depressivos. É quando os familiares e os amigos são indispensáveis, ao lado da busca de atendimento com profissionais especializados. A ênfase na questão do tempo é quase um denominador comum entre os que estudam as depressões, como foi o caso da psicanalista Maria Rita Khel em seu denso livro O tempo e o cão. Enfatiza que a depressão é a doença psicológica da atualidade, e articula a subjetividade do depressivo com as pressões sociais de euforia.
O deprimido vive de forma sombria, não aproveita o sol, mas às vezes termina sendo sádico com os que estão ao seu lado. Um exemplo inesquecível: há muitos anos, no Bom Fim, um tristonho conhecido criou uma resposta quando alguém lhe perguntava como ele estava, dizia então: “Pior do que ontem, mas melhor do que amanhã”. O desafio talvez seja, não só buscar um amanhã mais animado para o depressivo, mas também sonhar com uma sociedade que possa viver num ritmo mais espirituoso.
O que mudou na sociedade para gerar esse aumento substancial de depressivos? Sempre é difícil pensar uma doença subjetiva em termos sociais, mas também se sabe que novos tempos, com novos hábitos influenciam as patologias psíquicas e orgânicas. No caso das depressões, todos os indícios são que o impressionante aumento da velocidade criou uma defasagem entre os que se adaptam e os que sofrem mais nesses tempos acelerados. O tempo foi decisivo na história da guerra, do comércio, indústria, na informática e por isso se diz que tempo é dinheiro, mas porque a velocidade é poder. Os mais rápidos chegam antes em tudo; mas felizmente o tempo não é só dinheiro, porque ele é também memória, que é desejo e nada mais humano que o desejo, especialmente o desejo inconsciente.
As previsões são que no futuro tudo será cada vez mais fast – fast food, fast love, fast read –, o que deverá aumentar o número de depressivos, que não acompanham o ritmo alucinante em que se vive. Todos, em maior ou menor medida, já sentiram tristezas diante de diferentes perdas. Já nas patologias depressivas, de várias origens, os sintomas vão de leves a graves tais como: desânimo, dificuldade de concentração, uma baixa autoestima, desinteresse pela vida, sentimento de inutilidade, muita ansiedade, distúrbios do sono, além de somatizações que são equivalentes depressivos. É quando os familiares e os amigos são indispensáveis, ao lado da busca de atendimento com profissionais especializados. A ênfase na questão do tempo é quase um denominador comum entre os que estudam as depressões, como foi o caso da psicanalista Maria Rita Khel em seu denso livro O tempo e o cão. Enfatiza que a depressão é a doença psicológica da atualidade, e articula a subjetividade do depressivo com as pressões sociais de euforia.
O deprimido vive de forma sombria, não aproveita o sol, mas às vezes termina sendo sádico com os que estão ao seu lado. Um exemplo inesquecível: há muitos anos, no Bom Fim, um tristonho conhecido criou uma resposta quando alguém lhe perguntava como ele estava, dizia então: “Pior do que ontem, mas melhor do que amanhã”. O desafio talvez seja, não só buscar um amanhã mais animado para o depressivo, mas também sonhar com uma sociedade que possa viver num ritmo mais espirituoso.
Fonte: Jornal Zero Hora - Porto Alegre - RS. - Nº16030 - 14 de julho de 2009.
Imagem: acervo pessoal
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