terça-feira, 17 de março de 2009

Sociologia e Religião- I



Comida

Titãs

Composição: Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...

A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...


Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão, balé
Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh!
Necessidade, vontade, eh!
Necessidade...



Émile Durkheim,um dos fundadores da Sociologia,escreveu no século XIX:

Diz-se que a ciência,em princípio,nega a religião.Mas a religião existe.Constitui-se num sistema de fatos dados.Em uma palavra:como poderia a ciência negar tal realidade?

Para Durkheim,toda religião tem como característica separar o mundo em coisas profanas e coisas sagradas.Nas coisas profanas os indivíduos têm atitudes utilitárias,ou seja,objetos,idéias e coisas que,quando não servem mais,podem ser descartados,pois só têm valor na medida em que são úteis.Nas coisas sagradas ocorre o contrário,objetos,idéias e coisas assumem um valor superior ao homem,é reverenciado.O homem não é mais o centro do universo,nem a origem das coisas:

Sente-se dominado e envolvido por algo que dele dispõe e sobre ele impõe normas de comportamento que não podem ser transgredidas,mesmo que não apresentem utilidade alguma.

(Alves,1984).

Estas características,para Durkheim,revelam que a religião é uma das fontes na qual se criam regras de comportamento,normas e garantias de harmonia entre os homens.


Sociologia para jovens do século XXI-Luiz Fernandes e Ricardo Cesar Rocha da Costa


domingo, 1 de março de 2009

Sociologia e objectividade III



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  • I A perspectiva da sociologia
  • II Sociologia e perspectivação científica
  • a) O objecto de estudo da Sociologia
  • III Sociologia e objectividade





  • III. Sociologia e objectividade
    1. O sociólogo deve tentar evitar juízos de valor que ameacem a qualquer momento irromper na sua análise
    O sociólogo alemão Max Weber insistiu particularmente neste ponto distinguindo juízo de valor e referência aos valores: o juízo de valor, que consiste em expor os seus a prioris e em avaliar as acções de outrem a partir dos seus próprios princípios, é de proscrever em sociologia, ao passo que a referência aos valores pode, pelo contrário, guiar o sociólogo na sua actuação. Trata-se de seleccionar certos aspectos de um fenómeno em função das interrogações prévias do sociólogo: este, com efeito, recorta a realidade social que escolhe estudar em função dos seus próprios centros de interesse.
    Para Weber, o sociólogo deve principalmente esforçar--se por obter a significação que um indivíduo dá à sua acção. É a razão pela qual a actuação que ele preconiza é chamada «compreensiva»: visa compreender os motivos que levam o indivíduo a adoptar um tipo de comportamento. Weber distingue assim quatro formas de acção social, isto é, vários modelos de acção possíveis para um indivíduo.
    A acção tradicional apoia-se nos costumes e nos hábitos adquiridos e caracteriza o conjunto das actividades familiares ao indivíduo: obedecer ao seu pai é uma acção tradicional.

    A acção afectiva é orientada por pulsões tais como o amor ou o ódio sentido em relação a outrem.
    A acção racional referente a valores visa a conformidade com as convicções sem dar importância às suas consequências práticas: o militar que, após uma derrota, se mata fornece disso uma ilustração.
    A acção racional em termos de finalidades consiste em avaliar os meios disponíveis a fim de atingir um objectivo previamente fixado: o engenheiro que manda construir uma ponte procede dessa maneira.
    Estas categorias de acção não pretendem enumerar precisamente as actividades sociais em toda a sua extensão, posto que Weber assinala que a maioria de entre elas relevam, na prática, de formas mistas. Elas derivam do método do ideal-tipo segundo a definição que dele dá Weber, isto é, um «quadro de pensamento» ou um modelo abstracto elaborado a partir de certos traços voluntariamente salientados de um fenómeno: o sociólogo aprecia então o desvio existente entre a «realidade» que observa e o quadro imaginário que constrói. Esta abordagem não está muito afastada da análise do economista (o que não é surpreendente, pois Max Weber foi economista antes de se virar para a sociologia) que confronta o modelo do mercado de concorrência pura e perfeita com os diferentes tipos de mercados existentes. O ideal-tipo permite assim a Weber entregar-se a uma tarefa de sociologia comparativa, pondo à prova a sua definição ideal-típica da cidade, da burocracia, do capitalismo ... em situações observáveis nas diversas sociedades e em diferentes épocas.

    2. Se o sociólogo não faz prova de uma «objectividade perfeita» que permanece ilusória, deve, contudo, esforçar-se por analisar com precisão a sua relação com o objecto
    Max Weber preconizava a neutralidade axiológica, isto é, a separação nitída entre os juízos morais próprios do investigador e a sua análise científica. Esta louvável intenção é, no entanto, frequentemente difícil de aplicar: não basta que o sociólogo proclame não agir senão en função da sua «ética» científica para que o problema desapareça. O sociólogo não «flutua no ar», não está separado de toda a trama prática, uma vez que ocupa necessariamente uma posição específica no espaço social, é originário de um meio social, possui «gostos» e «repulsas» particulares ... Este agente social tem a «missão» singular de compreender o que fazem os agentes sociais e de dar conta disso mesmo. Ele não pode, por conseguinte, apresentar a sua «ciência» e adoptar uma posição «de superioridade», cara ao analista que se pronuncia «com toda a objectividade», isto é, em nome da ciência, para dar solução a debates cujas tramas nem sempre têm que ver com questões de ordem científica («Quais são as prioridades dos Franceses?», dando apenas um exemplo).

    O sociólogo ganha em esclarecer a distância ou a proximidade — obstáculos que aliás se podem sobrepor — que mantém com o seu objecto de estudo. Dito de outra maneira, deve renunciar a fazer crer que os seus «títulos» constituem um passaporte suficiente para a compreensão sem dificuldade de uma situação social. Segundo a fórmula do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o sociólogo tem todo o interesse em objectivar a objectivação, isto é, em encarar o mundo social como um objecto (como preconizava Durkheim) e, do mesmo passo, em incluir-se na análise sociológica. Se um olhar neutro sobre o objecto parece efectivamente impossível, uma socioanálise permite levar em conta o «olhar» particular que o sociólogo lança sobre o seu objecto e o incita a redobrar a vigilância perante as prenoções que ameaçam sempre imiscuir-se na análise.


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